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O que é eutonia?

 

A palavra eutonia (do grego eu = bom, justo, harmonioso, e tonos = tônus, tensão) expressa a idéia de uma tonicidade harmoniosamente equilibrada, em adaptação constante e ajustada ao estado ou à atividade do momento.

 

A eutonia é uma pedagogia que nos ensina a alcançar uma consciência mais profunda de nossa realidade corporal e psíquica, como uma unidade, e a partir dessa consciência, obter o tônus muscular adequado não só a uma situação de repouso e relaxamento, mas também a todas as demais situações da vida. 

 

Existem vínculos íntimos entre a tonicidade muscular e o vivenciado, consciente e inconscientemente. A expressão do nosso corpo, tanto nas suas atitudes e movimentos como na sua respiração e sua voz, depende diretamente da tonicidade muscular e dos estímulos que vivenciamos, ao mesmo tempo que os manifesta. Cada mudança de consciência atua sobre o conjunto das tensões musculares. Toda perturbação ambiental modifica não apenas nosso estado corporal, mas também nosso comportamento e nosso estado de consciência. É por isso que, atuando sobre a tonicidade muscular se pode influir não apenas nosso estado corporal, mas também no estado emocional e psíquico, como uma unidade interdependente.

 

Desenvolvendo a sensibilidade superficial e profunda podemos influir de modo consciente sobre os sistemas, normalmente involuntários, que regulam o tônus ​​muscular e o equilíbrio neurovegetativo. Para desenvolvermos essa sensibilidade, aprendemos com a prática da eutonia a capacidade de observação profunda - um estado de “presença” - onde se é objeto da própria observação e, simultaneamente, vive-se as mudanças que esta observação de si produz em todo o organismo, sentindo conscientemente as variações que surgem ao nível do tônus e das funções vegetativas. Essa "presença" requer ao mesmo tempo uma neutralidade de observação e uma amplitude de objetivos que não devem ser influenciadas pela expectativa de um determinado resultado, pois são as condições fundamentais para o desenvolvimento da regulação tônica consciente. 

 

Há tempos que me perguntam o que é eutonia. Por isso adaptei esse texto de Gerda Alexander, criadora da eutonia. Complemento com minhas palavras:

 

A eutonia pode ajudar-nos a alcançar um objetivo final específico de eliminar ou lidar melhor com algum sintoma corporal ou psíquico, porém, na prática da eutonia é importante que estejamos abertos para observar nosso corpo (e tudo aquilo que ele nos mostra na sua relação com o ambiente, nossos pensamentos e emoções) com a curiosidade de alguém que se depara com algo totalmente novo a cada prática. O foco da prática deve ser a percepção e sensibilização corporal e não a eliminação do sintoma.

 

É na experiência de perceber a si mesmo e ao dar credibilidade às próprias percepções de si sem julgamentos ou pré-determinações que podemos desenvolver uma sensibilidade suficiente para a regulação consciente de nosso tônus de acordo com as situações vividas. 

 

A consciência das relações entre estados tônicos, sensações, emoções e acontecimentos do dia-a-dia permite que nós possamos ter segurança de viver o relaxamento quando precisamos dormir, a agitação quando precisamos agir, a tranquilidade quando precisamos realizar tarefas corriqueiras, o estado de alerta quando estamos em perigo ou uma grande dor quando passamos por situações muito tristes, sabendo que elas se modificarão ao longo do tempo, dando lugar a novos estados tônicos. São as fixações tônicas, emocionais e psíquicas, mesmo as que que ficam num tom médio, que podem causar certos tipos de adoecimentos. Essas fixações podem ser ocasionadas por recalques e traumas (físicos ou psíquicos), mas também por padrões corporais e emocionais estabelecidos ou emprestados de fora para dentro.

 

Chegar à plasticidade tônica leva tempo, 

um tempo alargado que parece nos faltar no momento atual da sociedade. Esse tempo alargado de contato consigo e com o ambiente, que proporciona um estado de “presença” em si e com o que nos rodeia é com certeza o maior presente que a eutonia pode dar aos sujeitos de nosso tempo sem tempo.

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